Como parte da criação do orun (céu) e do aiye (Terra), Olódùmarè (Deus Supremo) criou uma infinidade de hierarquias atuantes nos diversos planos do Universo. Dentre eles, situam-se os Òrìşá, entidades intermediárias responsáveis pelas funções relacionadas aos diversos reinos da natureza na Terra. Trata-se de Seres Divinos, emanados da Divindade Suprema Universal. Os Òrìşá, atuam de acordo com as funções que lhes são delegadas por Olódùmarè, inclusive como mediadores entre Ele e os seres humanos.

A criação da Vida na Terra foi delegada ao Òrìşá Obàtálá (o rei do pano branco que esconde a vida e a morte), que com o seu ofu-rufu (sopro divino) permeou várias outras dimensões além da física. Como Òrìşá mais velho, Obàtálá chefiou a vinda dos demais Òrìşá, todos com a tarefa de exercer domínio pleno sobre os diversos reinos e elementos da natureza terrestre. Porém, dentro dos limites e tarefas estabelecidos por Olódùmarè.

Identificando as forças dos Òrìşá e se alinhando com elas, aumentamos as chances para alcançarmos o nosso verdadeiro sucesso.

Esse alinhamento se dá quando nós, seres humanos, trabalhamos a favor da natureza, com isso conseguimos com que ela trabalhe a nosso favor.

No Culto Yorubá, quatro são os elementos da natureza que dão condição de vida no planeta: a água, o fogo, o ar e a terra. Estes se apresentam de inúmeras formas que se multiplicam em 16, sendo esse o número dos primeiros Òrìşá primordiais, que vieram para ajudar a construção do planeta sob todas as formas de vida.

Os Òrìşá representam a personificação das forças da natureza e dos fenômenos naturais: nascimento e morte, saúde e doença, as chuvas e o orvalho, as árvores e os rios. Representam os quatro grandes elementos: fogo, ar, terra e água; e os três estados físicos dos corpos: sólido, líquido e gasoso. Representam ainda os três reinos: mineral, vegetal e animal, além dos princípios masculino e feminino, também presentes em sua representatividade. Tudo isso representa o poder vital, a energia e a grande força de todas as coisas existentes.

Os Òrìşá estão inteiramente ligados a uma força da natureza que os caracterizam. Isso faz com que possamos identificar e sentir na natureza a presença de cada um deles. Os Òrìşá são a parte disciplinada dessas forças, sendo esta, a parte que é controlada para formar um elo nas relações da humanidade com o Ser Supremo.

A energia vital – aşé – que permeia todas as forças da natureza é parte do Òrìşá, que representa o aspecto inteligente e estabelece um elo entre a humanidade e Olódùmarè.

Os Òrìşá constituem energia pura que interfere também na existência dos seres humanos, já que conosco compartilham da natureza terrestre e concorrem diretamente para a nossa formação, como seres individualizados. No momento em que o ser humano encarna, aceitando o seu destino, seus corpos são criados com a energia predominante de um Òrìşá. As práticas e rituais da religião yorubá têm por finalidade a sintonia e integração do ser humano com essa energia divina da qual foi formado.

Há pessoas que dispõem do dom de manifestar fìsicamente a presença do seu Òrìşá. Esta manifestação é apenas uma forma de sintonia, nada tendo a ver com mérito ou elevação espiritual. Em alguns seres humanos, as predisposições inatas e rituais específicas fazem aflorar com maior intensidade esta energia pura, que é o Òrìşá, podendo ocasionar os fenômenos do transe e da incorporação(despertar da fágulha divina interior), quando o arquétipo do Òrìşá se manifesta de forma plena.

EŞÚ

EŞÚ - É o principio de tudo, é o espiral na terra por onde segue todas as mensagens aos outros Òrìşá, e é o movimento que nos mantém vivos. Eşú é o tudo e o nada, é o mensageiro de tudo e de todos. É o equilíbrio da natureza, sem ele nada poderá ser feito.

OGUM

OGUN - A divindade do ferro. É o senhor da guerra e dono do trabalho, porque possui todas as ferramentas oriundas do ferro. Ogun também é dono das estradas de ferro e dos caminhos. Em tudo onde encontramos a técnologia, encontramos Ogun, ele é o próprio progresso.

ODÉ

ODÉ - Senhor das florestas, sendo seu habitat natural onde vive e caça. É a divindade da harmonia e do equilíbrio ecológico. Está associado com a vida ao ar livre e com os elementos da natureza. Odé representa a fartura em nossa casa.

OSANYIN

OSANYIN - É a divindade das plantas medicinais e litúrgicas dentro do Culto Yorubá, tendo recebido o segredo das ervas. A força e o poder de Osanyin está no conhecimento da mistura das folhas. Ele é o guardião de todas as florestas do planeta.

OBALUÀYÉ

OBALUÀYÉ - Obaluàyé quer dizer "rei e dono da terra", sua veste é a palha, onde esconde o segredo da vida e da morte. Está relacionado à terra quente e seca, como o calor do fogo e do sol - calor que lembra a febre das doenças infectocontagiosas, ele domina completamente as doenças. Ao mesmo tempo em que as causa, tem poder de cura sobre elas.

OŞUMARÉ

OŞUMARÉ - Alguns têm este Òrìşá como a serpente, outros como o arco-íris. É Oşumaré quem recolhe a chuva que cai na terra e a transforma em nuvens, portanto, é ele quem regula as chuvas. Está ligado a todos os movimentos que não podem parar. Sendo ele também o movimento continuo do universo e dos corpos celestes. Portanto caso venha a perder suas forças tudo se acabaria.

NANA

NANÃ BURUKU - É proprietária de um cajado, Nanã é salpicada de vermelho, suas roupas parecem banhadas em sangue e água parada que mata de repente, é o Òrìşá mais antigo do mundo. Chegou no principio de tudo, quando a terra ainda não era nada, só havia o barro e a lama. O termo Nanã significa raiz, aquela que se encontra no centro da terra.

ÓŞUN

ÓŞUN - Sem o poder feminino e sem o princípio de criação, não brotam plantas, os animais não se reproduzem e a humanidade não tem continuidade. Assim, o princípio feminino é o princípio da criação e preservação do mundo. Sem a mulher não existe vida, sendo assim, deve ser reverenciada e respeitada pelos Òrìşá e pelos homens. Representa a força das águas dos rios e cachoeiras, onde não se tem impedimentos para que ela corra em seu rumo.

ERINLÉ

ERINLÉ - É o caçador que vive no fundo do rio. Ele traz tanto a força e a delicadeza das águas, quanto o mistério das florestas, onde caça.

IGBEJI

IGBEJI - Eles são parte importante de entender nossa relação com o céu e a terra. Igbeji são divindades gêmeas infantis, é um Òrìşá duplo e tem seu próprio culto, obrigações e iniciação dentro do ritual. Divide-se em masculino e feminino (gêmeos). Eles representam tanto a pureza e a paz, quanto os mistérios das magias.

YEMONJÁ

YEMONJÁ - A deusa do mar e da lua. Ela é o arquétipo de mãe e a provedora de riqueza. Como o que dá vida e sustenta a terra, ela é extremamente generosa. É a energia criando qualquer um. Mas, como o oceano, quando ela estiver revolta, pode ser implacável. Ela representa a mãe que dá amor, mas não dá o poder. Yemonjá é a dona do subconsciente coletivo e da sabedoria antiga, e é também a guardiã dos segredos que estão escondidos nos oceanos, tem seus domínios nas profundezas das águas, de onde emerge para atender seus devotos, principalmente as mulheres que atribuem a ela poderes que favorecem a fertilidade e a fecundidade. É a força das marés e é implacável como as águas dos oceanos.

OLOKUN

OLOKUN - É todo o mistério dos oceanos, das profundezas. É o poder das marés. Representa o que o homem não consegue atingir. É a força desconhecida e incontrolável dos mares. É a magia do desconhecido e senhor da riqueza.

ŞANGÔ

ŞANGÔ - Uma vez como o quarto rei Yorubá, e imortalizado como o deus do trovão, Şangô é legendário do outro lado do mundo atlântico africano. As tempestades de Şangô e seu raio trazem um terror moral purificador encapsulado pela sua coragem, ele é o deus do raio, do trovão, da justiça e do fogo, é um Òrìşá temido e respeitado, é viril e violento, porém justiceiro.

OYA

OYA - É a divindade filha (gerada) do vermelho é o Òrìşá do Rio Niger e tem a água como elemento, além de estar ligada aos animais, aos espíritos, e ao relâmpago. É a deusa dos ventos, do fogo e do raio. Como guerreira do panteão de Yorubá, ela representa o poder feminino. Ela é forte, e quando esta enfurecida, pode criar tornados e furacões. Òrìşá dos ventos, raios e tempestades, é ágil e agitada como o próprio vento.

OBÀTÁLÁ

OBÀTÁLÁ - É o Òrìşá de paz, harmonia e pureza. Ele é o pai da maioria dos Òrìşá e é o criador da humanidade. Ele é o dono da criação e representa claridade, justiça e sabedoria. Tudo o que é branco na terra pertence a ele: a neve, as nuvens brancas, os ossos, o cérebro, o algodão. Obàtálá é o sol e é também a chuva que cai para fertilizar a terra. É o dono da argila e da criação.

ORÚNMILÁ

ORÚNMILÁ - É a soma da sabedoria suprema, a vida e a morte, o nascimento da natureza, a visão total do mundo e da existência estabelecendo normas éticas que irão comandar as sociedades e os homens. É o equilíbrio que ajusta as força que conduz a sustentação do planeta. Orúnmilá representa a antiga sabedoria do Culto Yorubá. Seu maior símbolo é o ikin - o caroço da fruta do dendezeiro, através do qual os Oluwos/Babalawos se comunicam através do oráculo Ifá para saber sobre o nosso destino.